sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

quando algo se torna obsoleto


Não, este não é mais elogio ao Zapater.

Aqui há tempos o João falou aqui dum modelo de negócio obsoleto, e da forma como essa indústria tenta travar aquilo que é uma evolução natural dum mundo em rede.

Também temos assistido a imenso ruído acerca dos colégios privados, sendo esse também outro negócio que já fez mais sentido no passado.

Mas vamos a coisas mais interessantes:

Hidden Fractals Suggest Answer to Ancient Math Problem

(...) Since the 18th century, generations of mathematicians have tried to find a way of predicting large partition numbers. Srinivasa Ramanujan, a self-taught prodigy from a remote Indian village, found a way to approximate partition numbers in 1919. Yet before he could expand on the work, and convert it to a clean equation, he died in 1920 at the age of 32. Mathematicians ever since have puzzled over Ramanujan’s manuscripts, which tie the primes 5, 7 and 11 to partition numbers.

(...) The combined research doesn’t quite reveal a mathematical representation of the universe’s structure, Ono said, but it does kill partition numbers as a way to encrypt computer data.

“Nobody’s ever going to do that now, since we now know partition numbers aren’t random,” Ono said. “They’re completely predictable and we should no longer pretend they’re mysterious.”

Quem trabalha em encriptação acaba de perder uma ferramenta importante, porque simplesmente o mundo evoluiu. Deu-se um passo em frente no conhecimento, que começa por parecer meramente académico mas brevemente, e sem que ninguém dê conta, vai ter um impacto nas nossas vidas.

Obviamente, há várias formas de encriptar dados, a indústria informática não vai colapsar por causa disto e decerto as empresas envolvidas vão contornar a questão, arranjar novas soluções e gerar mais conhecimento. A necessidade aguça o engenho e o mundo continua a evoluir.

Resta saber quando é que as ACAPORs e os gigantes discográficos deste mundo vão perceber que a "pirataria" não tem travão - e que quem vendia bootlegs na feira também já não faz dinheiro com isso.

Resta saber quando é que os donos dos colégios vão perceber que não podem exigir subsídios com um liceu ao lado - e tanta falta fazem creches neste momento...

E acima de tudo, resta saber quando é que o Sporting deixa de ir buscar gajos como o Maniche para encostar gajos como o Zapater - e os cofres do clube ficavam mais aliviados.

sugestão para cocktail


Bloody mary sem tomate

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

depressões para todos os gostos

A indignação duma jornalista do Público perante os jornais donde o Público copia as notícias por aqueles não confirmarem as suas notícias.

Novamente, a comunicação social é um contra-poder. Temos um contrapoder de merda, logo temos um poder de merda.

com dedicatória

... a todos os que alinharam na culpabilização dos funcionários públicos e acharam bem merecidos os cortes em salários congelados há uma década (salvo aquele fugaz aumento pré-eleitoral):

Governo corta indemnizações de 30 para 20 dias

Salários podem cair por causa das novas regras das indemnizações

Esta é dedicada a quem reelegeu o Sócrates, que faz estas merdas, e o Cavaco, que lhe dá cobertura.

Esta é dedicada a todos os acéfalos que embarcam na conversa de que a culpa é sempre de quem trabalha, e não de quem dirige as empresas - a esses não faltará nunca um puto carrão e um salário 40 vezes superior ao dos empregados.

Esta é dedicada a esses acéfalos que cavam a sua própria sepultura alegremente, até se acabar a mama porca: vão ficar sem reforma. Pelas suas opções e em dobro, porque os descontos que fizeram deixarão de contar, e porque malta como eu vai trabalhar para fora e não vai ficar aqui a sustentar quem nos arruinou a vida.

A solidariedade é muito bonita mas certas coisas são imperdoáveis. Se a minha geração tiver um mínimo de auto-respeito, salta do barco e deixa-o afundar. Eu, pelo menos, estou farto de ser prejudicado por um bando de imbecis que vota com os pés, tem a memória dum peixe-dourado e a espinha duma lesma.

Fodei-vos! E o Cavaco não é o meu presidente.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

AGA final

Cientista estima que 24 de Janeiro é o dia mais deprimente do ano

Só para informar que, em claro desrespeito pelos pedidos de várias famílias, não estou presente na AGA para a habitual cobertura em directo.

Porquê?

Porque tenho uma vida e o Zapater foi uma das melhores contratações esta temporada.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

leitura para o dia de reflexão

Lição tunisina, por Gian Paolo Accardo

(...) [O]s jovens são, hoje, minoritários – apenas um europeu em cada cinco tem menos de 20 anos – e estão longe da massa crítica necessária para conseguirem fazer pender para o seu lado a escolha política.

Os líderes europeus parecem estar muito conscientes da situação, e a sua atitude perante os jovens que se manifesta, entre outras coisas, pelos cortes sistemáticos nos orçamentos da educação e da investigação, testemunha a importância que lhes atribuem. Mas se há uma lição, entre tantas outras, que podemos tirar da “Revolução do Jasmim”, é que à força de tanto se oprimir a juventude, um dia, mais cedo ou mais tarde, ela rebenta-nos na cara.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

AAUAv precisa de amigos


A publicação de convocatórias para actos oficiais duma instituição - entre assembleias e debates eleitorais - através do facebook tem muito que se lhe diga. Sobretudo quando a divulgação que mais faz sentido, via correio electrónico e afixação em papel no campus, surge mais tarde ou não surge de todo. O uso das redes sociais deve ser, no máximo, complementar. Efectivamente, durante um intervalo de tempo considerável, a convocatória destina-se exclusivamente aos 4900 (descontando organizações) utilizadores "amigos" da AAUAv.

Prestes a terminar o mandato, a Mesa da Assembleia-Geral volta a dar um ar da sua graça, para nos lembrar dessa desgraça.

Isto tem um nome: analfabetismo político.

A propósito, eu estou a par da dificuldade inerente a este género de divulgação pelos meios tradicionais, mas quem ocupa estes lugares deve estar preparado para lidar com isso.

e por falar em tunísia


Lendo relatos como estes, com barricadas de populares nas ruas, polícia política a atacar a população, exército aliado à população, ditador corrido do país... lembra-me algo... algo que foi deixado a meio...

Que 2011 seja o ano da gente consequente, a começar para os bravos cartagenos.

um presidencial erro de casting


Presidente felicitou homólogo tunisino Ben Ali pela sua reeleição

O Presidente da República enviou uma mensagem de felicitações ao Presidente da República da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, pela sua reeleição para o cargo.

É o seguinte o teor da mensagem de felicitações do Presidente Aníbal Cavaco Silva:

"Senhor Presidente

Tendo tomado conhecimento da expressiva reeleição de Vossa Excelência como Presidente da República da Tunísia, quero endereçar-lhe, em nome do Povo português e no meu próprio, sinceras felicitações e votos de sucesso.

Estou seguro de que, no exercício do novo mandato de Vossa Excelência, encontraremos renovadas oportunidades para aprofundar os laços de amizade e de cooperação que unem os nossos dois países, em benefício dos nossos Povos.

Reiterando-lhe as minhas sinceras felicitações, peço-lhe que aceite, Senhor Presidente, os protestos da minha mais elevada consideração e estima pessoal.

Aníbal Cavaco Silva"

disponível na página da Presidência da República

Numa altura em que o mundo tem os olhos postos na Tunísia, serve este lembrete para percebermos a visão de Cavaco. Acéfala e acrítica, como de resto nos tem habituado. Muitos silêncios e ponderações, nenhuma tomada de posição. Nem quando ouviu desaforo dum homólogo ao seu lado, à distância duma chapada.

A todos aqueles que não acreditam que o seu voto faça diferença, deixo o meu apelo: se não for por mais razão nenhuma, façam-me o favor e votem noutro gajo qualquer! Não fiz nada para merecer mais 5 anos disto.

domingo, 16 de janeiro de 2011

nivelar por baixo

Cavaco: "injustiça" nos cortes salariais porque "milhares" do privado ficaram de fora

Cavaco Silva esclareceu hoje que admitiu que possa ter havido "alguma injustiça" nos cortes salariais na função pública porque "largos milhares de portugueses" do setor privado ficaram de fora dessa tributação.

Para quem ainda não percebeu, Cavaco vive num mundo em que todos devem ser pobres e beneficiários de caridade de cariz religioso. Excepto os cromos da sua confiança, claro, e falar nisso aqui é chover no molhado...

sábado, 15 de janeiro de 2011

depressing little treasure

Renato tinha sido escolhido para mandatário de Cavaco em Cantanhede

A notícia começou por correr nas redes sociais e foi ontem confirmada ao Diário As Beiras por José Malta, cunhado de Renato Seabra. Renato foi escolhido para ser mandatário da juventude em Cantanhede durante a campanha presidencial de Cavaco Silva.
Aliás, de acordo com a edição de ontem do semanário Sol, Carlos Castro e Renato Seabra teriam viagem marcada para o dia 15 de Janeiro, para que o jovem modelo regressasse a tempo de cumprir as suas obrigações na campanha presidencial.
Contactado pelo Diário As Beiras, o mandatário distrital de Coimbra disse não ter conhecimento do caso. No entanto, Luís Viegas informou que essa decisão poderá ter partido – como geralmente acontece – da estrutura local. "Tal não inviabiliza que em Cantanhede escolhessem quem pudesse trabalhar a campanha do professor Cavaco Silva", disse Luís Viegas.
De acordo com o familiar, Renato chegou a participar no jantar de jovens apoiantes de Cavaco, que decorreu a 20 de Dezembro, no Museu da Electricidade.

Diabo do miúdo, foi destruir a sua vida ainda tão jovem. E além está acusado de homicídio. Ele há coisas...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

macabras contas de merceeiro

Diz que as economias periféricas estão a ser pressionadas pela Alemanha. Os alemães chegaram a sugerir aos gregos que vendessem ilhas para pagar as dívidas. Pois bem, eis a vingança...

Greece joins Italy's war damages claim against Germany

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

curtas do mundo do silício

O Windows, desde há umas versões atrás, passou a incluir a função System Restore. Mas a sério, quem quer restaurar um sistema que acabou de dar o peido mestre?

Backup and format.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

ignorance is bliss

Equivalência por Vital Moreira

Os reitores das niversidades anunciaram que os antigos licenciados pré-Bolonha, com cursos de 4/5 anos, vão poder obter o grau de mestre de forma expedita.
Assim sendo, vão também os antigos mestres poder obter o grau de doutoramento de forma igualmente expedita? E os antigos doutores, vão poder adquirir que grau?!

Mais um que se dá com pessoas detentoras de elevado grau académico, mas desconhece todo o conceito de um plano de estudos. Ou a actual definição de mestrado, versão Bolonha. Ou lógica elementar.

Nota: apresento as minhas desculpas ao josé afonso por lhe conspurcar o ecrã com diatribes do avô cantigas.

mais um prego no caixão

Preços dos atestados médicos especiais e juntas médicas vão disparar

Os novos preços dos serviços das Autoridades de Saúde Pública foram publicados em Diário da República. Muitos serviços tinham um valor simbólico. Agora passam a custar dezenas ou centenas de euros.

Até agora as juntas médicas especiais ou atestados passados por uma Autoridade de Saúde Pública custavam menos de um euro. Mais precisamente, 90 cêntimos.

Os novos preços chegam aos 20 euros, caso dos atestados médicos, e aos 50 euros nas juntas médicas.

Estas juntas servem por exemplo para atestar uma incapacidade ou deficiência. Servem sobretudo para obter isenções ou beneficios fiscais, mas também para ter apoios no pagamento da renda ou outros beneficios como o dístico de estacionamento para deficientes.

Conhecendo o vício nativo de que o que não está legislado não existe, fica claro que agora é preciso pagar para ser deficiente.

crianças de aviário

Supressão do Desporto Escolar pode levar cada aluno a ganhar quatro quilos num ano

Esta chamada de atenção nem é tanto pela estimativa dos quatro quilos. Cada um faça as contas que quiser, mas eu não me esqueço que a ministra da Saúde já sugeriu à malta que aposte na sopinha com couve do quintal, que o carganhol vai escassear (ela não referiu a escassez de carganhol, mas a mensagem subjacente é óbvia - deslize freudiano?).

Esta chamada de atenção é para todos aqueles que praticaram desporto escolar (ou federado nas camadas jovens, como boa parte dos autores desta tasca) e que são hoje capazes de reflectir na importância que isto teve no seu desenvolvimento enquanto pessoas e na contribuição que isso deu aos seus valores, ao seu espírito de sacrifício e capacidade de entreajuda. O desporto escolar serve para muito mais que controlar a obesidade (gritar "menos bolachas!" também resulta) e encará-lo como tal já é redutor. Mas acabar com o desporto escolar sob a desculpa de contenção de custos é completamente inaceitável.

Este é o género de austeritarismo que nos vai afundar, bem fundo, e que devemos denunciar como um ataque perverso à essência duma sociedade como aquela em que crescemos e que fez de nós quem somos, apesar de todas as suas falhas. É um modo de vida que está em jogo.

E agora mudando completamente de tópico, há eleições presidenciais dia 23 de Janeiro.

ACAPOR

Prezados Causianos,

Neste início de década fomos presenteados com uma acção judicial entreposta pela ACAPOR, essa associação que representa um sector de actividade obsoleto cuja existência há já algum tempo deixou de fazer sentido, ou seja, os clubes de vídeo. É o estrebuchar do morto, ou como já ouvi alguém dizer, é “a revolta dos amoladores”.

Como saberão esta associação denunciou recentemente 1000 IPs ao MP, que terão sido “apanhados” a partilhar ficheiros relativos a obras cinematográfica das quais os representados da ACAPOR detêm os direitos de distribuição e/ou aluguer em Portugal.

Não obstante o conceito de propriedade intelectual não ter razão de ser nos dias que correm, do meu ponto de vista e do de muito boa gente, já que constitui uma forma de “castração” (termo na ordem do dia) social e cultural que apenas permite o acesso a estes conteúdos a quem detenha poder pecuniário, sendo por isso um conceito antidemocrático, a verdade é que os gajos da ACAPOR parecem ter a lei do lado deles e nem a obtenção dos IPs como meio de prova aparenta ser problemática, ao contrário do que já tenho lido por aí, senão vejamos: Os IPs “apanhados” terão sido obtidos através do protocolo P2P, utilizado por programas de descarga de torrents como o BitComet ou o Utorrent. O P2P consiste numa ligação directa entre dois utilizadores que partilham o mesmo ficheiro e que trocam pacotes contendo partes do mesmo. Apesar de o tráfego estar encriptado, é possível às associações anti-P2P listarem os IPs da malta que está a partilhar o ficheiro pirata fazendo-se passar por um utilizador normal. Será isto legal? Parece que sim, até porque no fundo são os utilizadores pouco precavidos que se conectam a estas entidades, não sendo por isso uma questão equiparável às escutas telefónicas ou à violação de correspondência. É no fundo como se os prevaricadores escrevessem uma carta registada a confessar o crime…

No entanto há algumas questões que não me parecem totalmente claras. Em primeiro lugar como é que o MP vai identificar os utilizadores dos IPs? Os ISPs não divulgam esta informação a não ser que sejam forçados a tal, já que ninguém precisa de fibra óptica se não for para fazer downloads. Por outro lado como é que se identifica o autor do crime de entre os utilizadores da rede? A malta não percebe nada de informática nem de redes e usa a chave de rede de fábrica, que pelos vistos é possível calcular a partir do nome da rede, já que os algoritmos andam por aí na internet. Por exemplo no meu caso de certeza que quem fez os downloads foi o vizinho que anda a “chupar” rede, o malandro, já que cá em casa ninguém saca filmes pirateados… Outra questão se levanta ainda, se foi a ACAPOR a autora da listagem e se partilhou ficheiros ilegais, não terá cometido uma ilegalidade? É certo que representa empresas que adquiriram os direitos sobre os conteúdos em causa, mas será que a ACAPOR em si terá autorização para os partilhar?

Como nos podemos defender?

Há uns programas engraçados que filtram ao IPs referenciados como anti-P2P, o Peerblock e o Peerguardian, que no fundo são versões diferentes do mesmo programa e que carregam um conjunto de listas contendo os IPs não desejados e que podem ser descarregadas no site do programa. Desta forma qualquer tentativa de ligação de e para estes IPs é bloqueada pelo programa. O problema é que não é certo que alguma das listas contenha IPs referentes a Portugal, nomeadamente à ACAPOR.

É possível filtrar um determinado IP através de uma ferramenta do Windows, o IPsec, que não é muito fácil de usar, eu pelo menos demorei algum tempo a conseguir perceber a lógica da coisa. Por outro lado não sabemos muito bem que IP bloquear, já que desconhecemos a partir de onde é que a tal “lista negra”, contendo os mil IPs, foi obtida. Os IPs dos sites da ACAPOR, o antigo e o novo, são os seguintes : 195.22.8.66 e 62.193.192.97 , mas como disse não há garantias que sejam estes os tais que queremos bloquear, até porque os sites poderão estar alojados nalgum servidor que nada tenha que ver com a ACAPOR... Em todo o caso vale a pena bloqueá-lo no Peerblock criando para o efeito uma lista contendo apenas este IP e adicionando-a ao “List Manager”. Para facilitar a coisa disponibilizo aqui uma já feita e que basta abrir com o programa.

Talvez dentro em breve, ou então não tão brevemente quanto isso, quando o processo judicial tiver mais desenvolvimentos, se venha a saber a partir de que endereço físico são obtidas as informações sobre os utilizadores de programas P2P. Até lá os tipos da operação Payback em vez de andarem a brincar ao “manda o site da ACAPOR abaixo” deveriam utilizar os seus dotes para obter estas informações e desenvolver uma protecção eficaz.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

inquérito

Na sequência duma espécie de polémica que teve lugar o ano passado, deixei à consideração dos estimados leitores uma questão a respeito de café.

Dois terços dos votantes declararam desconhecer o sujeito no centro da dita polémica, tornando a questão irrelevante.

Pois bem: em vez de devolver o sujeito à irrelevância, vamos tornar isto mais divertido! Tipo caça ao tesouro! Trolling de investigação!

Nova pergunta: WTF is MarceloG?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ela bem tentou, mas o chico não deixou

Deambulava pela blogosfera quando fui tentado a assistir a este espectáculo. Resumidamente...

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que o Cavaco Silva fez maroscas no BPN.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes criticasse a gestão da Caixa Geral de Depósitos.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que quer o BPN na falência só porque sim.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que a sua candidatura não passa de uma prova de vida do PCP.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que o PCP queria um orçamento de duodécimos.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que Cuba abandonou o socialismo.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que anda nisto só para brincar e depois vota no Manuel Alegre.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que anda nisto só para brincar e o Cavaco Silva ganha logo à primeira.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que quer as empresas de electricidade nacionalizadas.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que o sector produtivo devia ser todo nacionalizado.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que quer Portugal fora da União Europeia.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que quer Portugal fora do Euro (€).

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que quer voltar ao Escudo.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que está em rodagem para ser Secretário-Geral do PCP.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que é tradição do PCP candidatar a Presidente da República o futuro Secretário-Geral, contando apenas um intervalo temporal específico que prove esta premissa.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes dissesse que é um duro do PCP.

... a esposa do Fernando Seara tentou, mas não conseguiu que o Francisco Lopes validasse todos os preconceitos que ela própria e a generalidade da comunicação social alimentam em relação ao PCP.

E se me refiro a ela como esposa do Fernando Seara, é porque o tenho a ele em melhor conta. Nem nos programas de comentário da bola, defendendo o seu benfica, conseguia expressar tamanha parcialidade como mostrou a sua esposa nesta entrevista (e em muitas mais, de resto).

Claro que é fácil embarcar nestes preconceitos, mas é bem mais esclarecedor ouvir o que o Francisco Lopes e o PCP defendem de facto. Até agora, são os únicos que mostram ter cabeça e vontade para discutir os verdadeiros problemas deste lugar à beira-mar plantado e muito mal frequentado. Tudo o resto é muito circo e um gigantesco salto para o abismo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

cavacada

Cavaco vai perder parte do voto católico por causa do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

No entanto, a presente polémica em torno das acções da SLN pode permitir-lhe recuperar o dito voto católico.

Resumindo: foi o milagre da multiplicação.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

as normas europeias têm as costas largas

Como o governo esconde os números reais do desemprego em Portugal

O governo tem procurado esconder a verdadeira situação do desemprego em Portugal (Sócrates, na sua mensagem de Natal, não fala uma única vez do desemprego) tentando fazer passar a mensagem junto da opinião pública que se está mesmo a verificar uma tendência quebra. E isto apesar do INE ter divulgado, no 3º Trim.2010, que o desemprego oficial atingiu 609,4 mil, e o desemprego efectivo, calculado também com dados do INE, alcançou 761,5 mil portugueses. Para anular os efeitos destes números, o governo tem utilizado o desemprego registado divulgado mensalmente pelo IEFP. O Secretário Estado do Emprego manifestou mesmo “satisfação” com este em declarações à Lusa, em 17.12.2010. Por isso, interessa explicar quem é abrangido e como são construídos os dados que o governo utiliza depois na suas declarações.

(...) Para concluir basta fazer as seguintes contas: Segundo o IEFP, no dia 1 de Jan-2010 existiam inscritos nos Centros de Emprego 524.674 desempregados. Entre 1 de Jan.2010 e 30 de Nov-2010 inscreveram nos Centros de Emprego 631.972 novos desempregados e, durante o mesmo período, os Centros de Emprego arranjaram trabalho só para 65.828. Logo somando 524.674 (número existentes em 1.1.2010) a 631.972 (novos desempregados que se inscreveram) e subtraindo 65.828 (número de desempregados que os Centros arranjaram trabalho) obtém-se 1.090.818. Era este o número de desempregados inscritos que devia existir em 30.11.2010. No entanto, o IEFP divulgou que nessa data só existiam inscritos nos Centros de Emprego 546.926. Consequentemente desapareceram dos ficheiros dos Centros de Emprego, entre 1 Jan-2010 e 30 Nov-2010, 543.892 desempregados. O IEFP fez esta limpeza sem divulgar no boletim que publica mensalmente as razões dessa eliminação, o que levanta naturalmente sérias dúvidas sobre a credibilidade dos números do desemprego registado que divulga mensalmente utilizados depois pelo governo.

Este é o resumo de um estudo do economista Eugénio Rosa, publicado no 5dias (carregados meus).

Isto mostra bem o nível de desrespeito que ensombra este país de merda, mas pronto, há sempre o INE e é impossível fugir aos números.

Ou era...

Estatísticas do emprego deixam de ser directamente comparáveis com os dados existentes

O INE está a introduzir alterações no método de recolha de informação para as estatísticas do emprego, que passará a ser feita por telefone, inviabilizando comparações directas com as estatísticas anteriores, num momento em que o desemprego regista um pico histórico no país e em que se perspectiva que continue a aumentar.

(...) Estas alterações implicam aquilo que tecnicamente se designa por “quebra de série”, devido precisamente a os novos dados não terem as mesmas características de recolha dos anteriores e por isso não serem directamente comparáveis com eles.

O INE explica que o novo método “exigiu a introdução de alterações no questionário do Inquérito ao Emprego”, a partir do qual divulga trimestralmente dados relativos ao desemprego no país e a outros aspectos do mercado de trabalho. Para além das adaptações decorrentes da inquirição por telefone, o INE procedeu também à “racionalização do conteúdo” do questionário e à “adopção integral das orientações entretanto emanadas nos Regulamentos Comunitários para o Labour Force Survey”.

Não questionando a validade estatística do novo método, arrisco armar-me em Zandinga e diria que lá para Abril/Maio vamos ter uma diminuição dos números de desemprego apurados pelo próprio INE e veremos pela primeira vez o primeiro-ministro, com pompa e circunstância, referir-se a essa diminuição, em vez de se referir aos números do IEFP, como vem sendo habitual. Apesar de não serem comparáveis.

E a malta leva no cu e parece gostar.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

propaganda acéfala

Numa paragem pela RTP-N, apanho uma peça do Radar de Negócios que daria uma erecção ao primeiro-ministro. Carro eléctrico. "Já imaginou uma auto-estrada silenciosa mas com carros?" Otários de merda. A maior parte do ruído vindo duma auto-estrada não vem dos motores, mas sim dos pneus. "Zero emissões de carbono." Exacto, excepto aquela parte (mostrada um minuto depois) em que Portugal tem uma dependência de 55% de petróleo. Donde vem a merda da electricidade para alimentar os carrinhos de brincar? Do ar? Emissões zero? Metem-me nojo.