terça-feira, 9 de novembro de 2010

AAUAv e a prática de pensar

Confesso que tinha saudades de assistir a um espectáculo destes. É triste, sem dúvida, mas levemente nostálgico. Quando eu ingressei nesta Escola Superior de Ciências do Grifo, ainda estes eventos davam pelo nome de RGA. Havia comunistas a acampar em frente às residências, caldo verde e bifanas para 200 pessoas, ruas cortadas para uma manifestação de largas centenas e uma saudável, embora residual, cultura de contestação.

Ao fim de alguns anos de envolvimento, a podridão cansou-me. As jotinhas ganharam um poleiro, da mesma forma que ganharam o país, e eu fui dar uma volta ao bilhar grande. Acabei por abraçar outros projectos, mas mantendo-me atento e minimamente crítico em relação ao evoluir da AAUAv enquanto estrutura representativa dos estudantes.

Não vou repetir o diagnóstico que qualquer caralho com dois dedos de testa consegue fazer à estrutura e seus órgãos sociais. Basta salientar que é periódico, ou seja, repete-se a intervalos regulares ao longo do tempo.

Há movimentos e movimentações, reuniões conspirativas, lavagem de roupa suja, eleições com atropelos democráticos flagrantes, ameaças de impugnação, resignação azeda, movimentos de reacção (duração média de duas semanas), silêncio durante meses, voltam os movimentos e movimentações e o ciclo completa-se.

O aparecimento deste movimento encaixa perfeitamente no perfil clássico, as tácticas são bem conhecidas e as intenções dos intervenientes serão até boas, embora as dos impulsionadores, personagens sombrias, dificilmente o sejam.

Clamam pela abertura da AAUAv ao universo dos estudantes, quando a experiência do passado mostra claramente que todo o grupo bem-intencionado se torna autista quando se instala no Crasto. As campanhas eleitorais são venenosas e resumem-se a contabilidade de cabeças de gado arregimentadas pelos cromos da praxe. Pontualmente, aplicam-se autocolantes a um traseiro particularmente famoso na Academia.

Quando me vêm falar da importância do associativismo e da participação, assumo de imediato que se trata de ainda mais poeira para os olhos. O sentido de oportunidade não é inocente, por muito que o clamem, e as pessoas são incapazes de tomar iniciativa sem apontar aos outros culpas mais graves que as que lhes foram, são e serão apontadas.

O facebook e o Blogger são gratuitos todo o ano. Acham que são diferentes? Eis uma excelente altura para o provar. Comecem por tirar a cabeça do cu.

1 comentário:

José Afonso disse...

pois é, Simões. e é exactamente o mesmo que aqui. hoje também vai haver cá uma Magna, que o há-de provar novamente.

suponho que seja o mesmo nas outras academias e, pelo que oiço, parece que é mesmo. por outro lado, não me parece que haja tendência para mudar para melhor.

se calhar o movimento associativo como o temos é datado de outras décadas. se calhar não é dele que precisamos hoje. o que é triste é testemunhar a sua longa agonia às mãos desses "meninos especiais" das jotas...