quarta-feira, 17 de novembro de 2010

AAUAv e a prática de pensar IV

RE: A importância do Associativismo Académico;

Já andava há uns tempos para analisar com calma a primeira prosa com que o movimento nos presenteou. Pretende ser um texto que nos leve a pensar.

Na prática, é um chorrilho de lugares comuns, contradições e frases demasiado longas. Suponho que o sotôr desconheça o verdadeiro papel de uma vírgula e de um ponto final. Se soubesse utilizar ambos nos momentos certos, a sua prosa seria mais legível. Mas adiante.

Vejamos, é verdade que como Instituição a Universidade é fundamental na formação de “elites”, sejam políticas, culturais ou intelectuais da nossa sociedade, estas aparecem fomentadas pela transmissão de conhecimentos, pela experimentação, pela simples admiração, pelo básico estudo ou ate pelo convívio com detentores de elevados títulos académicos (...)

Tenho de perguntar: conviver com detentores de elevados títulos académicos fomenta o aparecimento de elites formadas?

Eis uma generalização um bocado absurda. Conheço funcionários da Universidade com quem prefiro conviver em detrimento de detentores de elevados títulos académicos. Aprendo mais com eles e tudo. Aliás, o convívio com pessoas de todos os estratos é que nos pode enriquecer enquanto comunidade. O que se sugere aqui é precisamente essa característica tão tuga, a crença de que conviver com o senhor Doutor nos levará a uma vida melhor.

Genericamente e numa estranha relação proporcional inversa á medida que a população estudantil académica tem aumentado a participação e mobilização dos estudantes tem vindo a diminuir, está agora em escassas centenas.

Relação proporcional? Será semelhante às entradas e saídas na Função Pública? Ou inversamente proporcional a essa? Escassas centenas de quê? Centenas de participação? Centenas de mobilização?

Deixo uma sugestão: dizer as coisas de forma simples e directa. Pode ajudar a passar a mensagem, em vez de passar uma imagem de presunção.

Da parte de uma Associação Académica faltam espaços de discussão pública, de diálogo, de agregação de massas, falta mostrar a Casa, prestar contas…não chega dizer que se dissolve com os seus, é preciso agregar todos!

Por acaso, na altura de prestar contas na AGA, os membros da Direcção anterior que estavam presentes remeteram-se ao silêncio. Foi um bonito espectáculo. Basta que a actual Direcção responda pelos seus actos e escolhas em modo de serviços mínimos que já representa uma melhoria significativa.

O grande problema vai ser quando a AAUAv se dissolver com os seus. Não faço a puta da mínima ideia do que isso significa, logo temo pela nossa sorte.

Abordemos por fim as questões levantadas pelo colega, assim como a reportagem com que nos presenteou no final da sua posta:

Como se explica tal facto?

Esvaziou o balão contestatário?

Desligou-se a opinião pública?

Perdeu-se a massa crítica estudantil?

Infelizmente o nosso país tem uma escassa participação cívica e associativa.

Comparar a participação cívica hoje em dia com a Crise Académica é como comparar o Negesse com o Obama. Não faz muito sentido. Outra escala, outros problemas. Mas não deixa de ser interessante pensar no papel de Alberto Martins durante esses acontecimentos e verificar o seu contributo para uma sociedade com espírito crítico. Enquanto líder parlamentar do PS e enquanto Ministro da Justiça.

Actualmente, e como se consegue demonstrar sem grande esforço, não só a classe política é reles, o que contagia a vida partidária, castra o debate e envenena o associativismo, mas também a comunicação social vive acéfala e amestrada e não cumpre o seu papel de vigilância crítica dum regime democrático.

Acreditar que a falta de participação dos estudantes no associativismo é algo que se deve a, e pode ser resolvido por uma Direcção da AAUAv é, no mínimo, ingénuo. Ou intencionalmente enganador. Veremos.

4 comentários:

MarceloG disse...

Agradeço novamente atenção dispendida e a merecida chamada de atenção que faz colega.
Como deve calcular não vou entrar em confronto de ideias, ate porque isto são apenas opiniões, valem o que valem.
Para ser sincero, também não o quero maçar com as minhas frases demasiado longas, já dedicou muito do seu tempo aos meus textos, e como disse, apresento alguma pobreza argumentativa, pouco lhe devem interessar!
Não o vou entreter mais ainda com estas minhas respostas, já quase cheira a quezília!

Simões disse...

A atenção dispendida é proporcional à ambição (no bom sentido) de discutir tudo e o seu contrário. É um desafio para mim, presumo que também o seja para o colega, e espero que seja para muitos mais.

Discutimos opiniões, como devem ser discutidas, sempre! Se me queixo da pontuação, será formalismo. Se me queixo de pobreza argumentativa, é um pedido para melhor argumentação, que aguardo ansiosamente - e que me interessa!

Isto que se vai passando não são quezílias. Eu bem me esforço por ir ao âmago das questões, e se o colega considera (muito justamente) que a sua prosa tem sido alvo preferencial da minha atenção, não desanime. Não só é bom sinal, porque o colega expõe os seus pontos de vista (como poucos o fazem) como muito outros intervenientes verão as suas acções escrutinadas, quer pela minha "pena", quer pela do colega.

Aceite os meus sinceros agradecimentos pela sua resposta.

(Quiçá um dia destes deixemos de nos tratar mutuamente desta forma imbecil - ofereço o primeiro café!)

MarceloG disse...

“É um desafio para mim, presumo que também o seja para o colega (…)”
“(…)muito outros intervenientes verão as suas acções escrutinadas, quer pela minha "pena", quer pela do colega(…)”
Para mim está tudo dito colega, registo com muito agrado o convite e fico aguardar ansiosamente pelo café!

MarceloG disse...
Este comentário foi removido pelo autor.