terça-feira, 9 de março de 2010

um vómito

No final de Janeiro, os enfermeiros fizeram greve e manifestaram-se por todo o país. São uma classe profissional das mais importantes na sociedade e no entanto não valorizados como tal:
Os enfermeiros contestam a alegada proposta governamental de ingresso na carreira, que fixa o salário em 995 euros, um valor abaixo dos actuais 1020 euros e dos 1200 euros de outros profissionais da administração pública.

Juntaram-se ainda à greve da Administração Pública. No site do Sindicato dos Enfermeiros podem ler-se as principais reinvindicações:
Pelo aumento dos salários; Pela estabilidade no emprego; Pela admissão de mais enfermeiros; Por condições dignas de aposentação;

Tendo isto em mente, sugiro a leitura desta posta de Eduardo Pitta, donde destaco o seguinte:
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (não confundir com enfermeiros portugueses) deu pinotes de satisfação com a adesão dos seus associados à greve do passado dia 4. O SEP devia ter juízo. E, de caminho, explicar à opinião pública o elevadíssimo índice de mortalidade das urgências de fim-de-semana. Verdade que os enfermeiros não são os únicos (nem os principais) responsáveis. Os gestores hospitalares que toleram este estado de coisas têm de responder pelos números do quadro supra. E os médicos com cargos de chefia também.

Temos aqui, portanto, o vómito do costume.

Primeiro, o sindicato não representam os enfermeiros - daí a residual adesão de 90% à greve convocada pelo sindicato.

Segundo, o sindicato não deve ficar satisfeito com a adesão à greve que convocou - e a lógica deixou de ser relevante.

Terceiro, o sindicato que reclama a admissão de mais enfermeiros deve responder por uma taxa de mortalidade mais elevada ao fim-de-semana - porque o sindicato é, obviamente, responsável pelas mortes, e a questão da admissão de mais enfermeiros não é relevante, porque lógica (ver ponto anterior).

Quarto, depois de atacar o sindicato, ensaia uma emenda e responsabiliza os gestores médicos com cargos de chefia - mas nunca uma classe política que, consistente e insistentemente, delapida os recursos do Estado, bem necessários em áreas como a Saúde, em negócios ruinosos com os compadres de sempre.

Segundo Eduardo Pitta, os sindicatos matam. Espero que alguém lhe vomite no colo, um dia destes.

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