segunda-feira, 1 de março de 2010

them and us

a lei esfumada
(...) Há locais que ficaram aliás exactamente como eram antes da lei – antros irrespiráveis – e outros estão a caminho de regressar à primeira fórmula. Os que combateram a lei dirão, claro, que só lá vai quem quer, como antes diziam de todos os locais onde o fumo era livre. Mas não só há quem esteja lá por obrigação e necessidade – os empregados, de quem toda a gente parece sempre esquecer-se – como nada leva a crer que os estabelecimentos tenham sofrido com a exclusão do tabaco: na generalidade dos restaurantes onde há espaços de fumadores e de não fumadores os segundos, apesar de maiores, enchem muito mais rapidamente.

Isso não só significa que há mais procura para as zonas sem fumo como que é provável que quem não arranja lugar nessas acabe por ir parar às de fumadores. Já me sucedeu – e a semana passada até dei de caras com uma criança na zona “azul”. (...) Estão fora – e irem “lá fora” fumar, por penoso que seja para os próprios e para os outros, é a simbólica consequência. Não há meios-termos nem negociação possível com os fumadores: esta lei falhada demonstra-o bem.

A generalização é a doer, e entrevejo aqui uma argumentação do género "eu até tenho um amigo preto". O certo é que conheço empregados que fumam, bastantes até, que param o serviço e vão fumar à rua - mas fumariam dentro se pudessem. A aceitação da lei até foi pacata, e notou-se uma certa civilidade da maior parte do pessoal - respeita-se a solução encontrada, até a de fumar ao frio, à chuva e ao vento. E qualquer pessoa que frequente o Café Convívio sabe que essa tanga da zona de não-fumadores encher antes é uma treta pegada - há muito quem prefira almoçar e jantar não na zona de restaurante (vermelha) mas na zona de café (azul) para acender o cigarro logo no final da refeição.

Não há negociação possível com os cruzados do fumo.

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