Os tribunais de guerra são sempre os tribunais dos vencedores. Desde Nuremberga que isso tem saltado à vista, embora sempre se tenha tentado dar-lhes uma aparência de justiça cega e imparcial. No caso da ex-Jugoslávia isso é particularmente notório se repararmos que os sérvios perderam as guerras em que se meteram e são tomados pelo mundo como os únicos criminosos dos Balcãs, enquanto que diversas atrocidades cometidas por croatas e muçulmanos são convenientemente esquecidas.
Não quero dizer que Radovan Karadžić não é um talhante, porque é, e acho que deve apodrecer num canto. Mas adiante...
Hoje o DN publica uma peça intitulada Os casos que fazem de Haia capital da justiça onde se elencam todas as instâncias judiciais instaladas nesta cidade holandesa, seus propósitos, sua história e suas actividades de relevo. A coisa até parecia estar a correr bem, justiça e tal, muito bonito, até que a ideia do tribunal de vencedores volta a surgir pela pena da jornalista:
(...) O Governo holandês também já ofereceu a cidade para acolher o tribunal que vai julgar os culpados da morte do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri.
É o mote dos tribunais internacionais. Não julgam acusados, julgam culpados, porque a presunção da inocência é a primeira a ser atropelada quando há interesses significativos em jogo. E se os não houvesse, também não havia tribunal...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário