Conhecemo-nos em Rīga. Não andávamos exactamente à procura um do outro, mas foi amor à primeira vista. Juntos descobrimos a cidade no quotidiano, juntos vimos muitos outros sítios. Tive até oportunidade de lhe mostrar alguns dos cantos mais porreiros de Portugal.
Não fomos feitos um para o outro, é certo. Creio que tínhamos diferentes perspectivas e expectativas da vida. Ela, com o seu estilo muito alemão, era fiável embora com pequenas limitações, e eu, que sou um bocado “logo se vê”. Mas, apesar de tudo isto, sonhávamos ser felizes, juntos, para sempre.
Enquanto estivemos juntos, éramos um só, entendíamo-nos como poucos conseguem. Depois veio a normalidade, a rotina, e o facto de eu viver neste cantinho do continente, tão especial, causou aquilo que viria a ser o fim duma relação curta e intensa. Pela minha parte, creio que fui negligente, mas não terá sido só isso a ditar este resultado. Deixemos os pormenores de fora.
Quando percebi que as coisas não tinham mesmo hipótese de voltar atrás, fiz uma última jogada. Correu muito mal. O buraco que já era fundo, mais fundo se tornou, e perdi a esperança. Estivemos meses sem nos vermos, e achei que a simples perda de contacto seria um desperdício. Devíamos estar juntos uma última vez, para uma despedida em grande. E assim foi.
Preparar o encontro até foi fácil. O difícil foi mentalizar-me para o que poderia correr mal, depois de ter passado tanto tempo desde que estivéramos juntos. Juntos e felizes, porque também houve aquela situação nada romântica pelo meio. De qualquer modo, valia a pena tentar. Quem aposta pode perder, mas quem não aposta nunca pode ganhar.
O certo é que, assim que nos reencontrámos, tudo correu como se nunca nos tivéssemos separado. Tanto a parte boa como a parte menos boa, que também faz parte da magia duma relação. Tivemos um futuro óptimo pela frente, mas as circunstâncias não o permitiram.
Para a despedida, fizemos uma viagem, só eu e ela, sem distracções de terceiros. Fomos para um sítio novo, longe de tudo. A melhor escapadela de sempre. Nem tirei uma fotografia que fosse, pois a minha memória tem o poder de fazer tudo parecer bem melhor. E à medida que o fim se aproximava, mais sonhávamos que algum golpe do destino fizesse desaparecer todos os problemas.
O adeus foi doloroso, talvez mais para ela do que para mim. Fomos um marco na vida um do outro. A vida continua, ficam as memórias. E dessas, guardo as melhores.
Adeus, Rēzna.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Dever cumprido - levar as coisas até à sua exaustão, sem ficar pelo caminho.
A carrinha é o menos.
Abraço.
Enviar um comentário