segunda-feira, 14 de março de 2011

a propósito do simpático ajuntamento...

... gostaria de referenciar estas palavras do Pedro Penilo. Subscrevo integralmente, aliás, "gostava de ter escrito isto", parafraseando um deputado ao Parlamento Europeu.

(...) As citações acima são excertos do manifesto que fundou o protesto da Geração à Rasca. Diz: “Nós, que até agora compactuámos…”. E prossegue: “…todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza – políticos, empregadores e nós mesmos…”. E endereça convites a todos os partidos, a toda a sociedade. A todos. Aos explorados e aos exploradores. Aos responsáveis pela política de espoliação dos trabalhadores de todas as gerações e aos que sempre contra ela lutaram. Não era uma manifestação de arrependidos (eleitores que tivessem votado no PS, no PSD ou no CDS). Não. Era um protesto dos que compactuaram, dos que são responsáveis: todos nós.

Ora, eu não compactuei. Não sou co-responsável pela situação. Eu e muitos milhares de amigos companheiros e camaradas que lutamos todos os dias para mudar a situação. Não se ouve falar disto, porque a comunicação social não trata com o mesma atenção esta outra face da luta quotidiana. Não revela milhares de outros rostos, tão espontâneos como dignos de interesse. Com intenção, ou por erro que não se quis corrigir nunca, este movimento não nos quis incluir. (...)

Até me agradou ver umas caras conhecidas nas reportagens histéricas com que as estações televisivas nos brindaram, mas aproveito para esclarecer o seguinte: eu não acredito que esta "geração" tenha acordado. Acho que esta "geração" fala durante o sono.

Que o povo quer dinheiro para comprar um carro novo não é novidade para ninguém. Agora quero ver este povo "à rasca" a ser consequente, até porque a ideia de cada um trazer uma proposta numa folha A4 equivale a um mural do facebook impresso. Protestam contra a precariedade? Bonito. E quantas vezes mudaram de canal quando certos partidos e certos políticos (tão dispensáveis, na opinião da massa anónima) denunciavam essa mesma precariedade? E quantas vezes votaram e revotaram naqueles que fomentaram essa precariedade? E quantas vezes se demitiram desse dever com o preguiçoso pretexto "são todos iguais"?

Não quero com isto acusar todos os manifestantes e apoiantes do movimento de serem uns panhonhas, mas creio que só uma diminuta percentagem dos reais panhonhas venha a abrir os olhos e tomar uma atitude. É pena, mas é assim. Na nossa História, o povo nunca começou nada enquanto tal. Foi sempre preciso um pequeno grupo na vanguarda (do 1º de Dezembro ao 25 de Abril). A "geração à rasca" não é vanguarda de coisa nenhuma.

2 comentários:

João disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João disse...

Talvez o maior ajuntamento popular de sempre para constatar um facto óbvio e à vista de toda a gente: a precariedade existe e é uma coisa aborrecida. Só não vi ninguém a apresentar politicas alternativas...além de "o governo tem que nos arranjar empregos!" e "queremos tipo cenas fixes!", entre outras...