ajustes de contas

Nas jovens democracias do Leste Europeu, aquelas que ficavam para lá da Cortina de Ferro, sempre existiu um forte sentimento anti-comunista, fruto da opressão que sofreram durante décadas. Para estes povos, comunismo será sempre sinónimo de russos, tanques, deportações e outros métodos repressivos. Assim sendo, não surpreende que se tenham virado a Ocidente e façam questão de proibir toda a exaltação do comunismo, chegando mesmo a equiparar comunismo a fascismo.

O caso mais recente é a Polónia, onde a revisão das leis penais vai levar à proibição de símbolos de regimes totalitários. A redacção é tão vaga que o mais provável é a lei ser questionada a nível comunitário, pois restringe fortemente os direitos individuais. Irónico, talvez? Decerto hipócrita, vindo de quem vem.

Poland to Ban Communist Symbols

Reforming Poland's hate-crime legislation may mean criminalizing communism. An amendment to the criminal code awaiting the president's signature would ban a broad category of communist symbols. Left-wing politicians say the law does more to violate human rights than protect them.

(...) There is, in fact, a clear precedent from Hungary, where symbols of communism like the hammer and sickle and red star -- along with the swastika -- have been banned as "symbols of tyranny" since 1994. In 2003, Hungarian politician Attila Vajnai was arrested, handcuffed and fined for wearing a red star on his lapel during a demonstration.

Vajnai appealed his sentence all the way to the European Court of Human Rights, which decided last year that the ban was a violation of the freedom of expression, calling the Hungarian ban "indiscriminate" and "too broad."

Há, na equiparação entre nazi-fascismo e comunismo, uma falácia grave. Foram cometidos crimes horrendos em nome do comunismo, mas a ideologia pressupõe liberdade e igualdade entre os homens. A usurpação e negação desses valores foi o que levou à tragédia durante a segunda metade do século XX. Já o nazi-fascismo pressupõe desde logo a supressão de direitos e liberdades. E quando milhões de tropas do Exército Vermelho deram a vida para combater o Terceiro Reich, os comunistas até eram amigos...

European Jews say equating Nazism with Stalinism unacceptable

"We are categorically against drawing parallels between Hitler's regime and Stalinism," Vyacheslav Moshe Kantor told a RIA Novosti news conference.

"We do not defend Stalinism, but we see a fundamental difference between those responsible for the Holocaust and those who ended it."

Sobretudo na zona do Báltico, há muito facho, muito anti-semita, muito negacionista. Mais vezes do que eu toleraria, gente me disse que os nazis não eram assim tão maus, e russos/comunistas era mandá-los para a terra deles. Isto é alimentado por muita gente, a quem esta atitude dá jeito e por quem pode ser explorada. A título de exemplo, fica uma fotografia que tirei da Câmara Municipal de Vilnius:



Imaginem lá agora o que os lituanos não se terão prestado a fazer perante tal operação de charme texana...

Secret CIA prison likely built at Lithuanian horse school

ABC News reported in mid-August that Lithuania, along with Poland and Romania, had a secret CIA prison on its territory, where suspected al-Qaeda terrorists were secretly kept and interrogated. The precise site had not been confirmed until now. Thailand, Romania, Poland, Morocco, and Afghanistan have also been identified as countries that housed secret prisons.

"The activities in that prison were illegal," said John Sifton, whose company investigates human rights abuses. "They included various forms of torture, including sleep deprivation, forced standing, painful stress positions."

Lithuania apparently agreed to host the prison after the then president George Bush pledged support for Lithuania's NATO bid during his visit to the country in 2002.

"The new members of NATO were so grateful for the U.S. role in getting them into that organization that they would do anything the U.S. asked for during that period," said Richard Clarke, a former White House counterterrorism official.

Desde as prisões da CIA até ao apoio a ditadorzecos como Saakashvili ou Karzai, os vencedores da Guerra Fria continuam o assalto à Liberdade, termo de que muito falam mas pouco praticam. Mas a cavalgar o ódio anti-comunista, nunca serão derrotados.

Próximo objectivo: passear em todas as capitais europeias envergando uma camisola do PCP. Afinal, é um partido representado no Parlamento Europeu. À parte o ocasional malho de pancada, levo esses fachos todos ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e fico com a reforma assegurada.

[editado a 26/Nov/09]